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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Juventude Hi-Tech...

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os 30. À dias, estava à conversa com um grupo jovens... e o meu grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando falei no Tom Sawyer.
“Quem?“, perguntaram eles. Quem?! Eles não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que eles conseguem viver com eles mesmos? A própria música:
- “Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além...” era para eles como o hino senegalês cantado em mandarim...
Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente eles também não conhecem outros ícones da juventude de outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração:
O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada. Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos:
Eles nunca subiram a uma árvore! E pior, nunca cairam de uma. São uns moles. Eles não viveram as suas infâncias a sonhar que um dia iam ser duplos de cinema. Eles não se transformavam em super-heróis quando brincavam com os amigos. Eles não faziam guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos. Aliás, para eles é inconcebível que se vá a uma obra.
Eles nunca roubaram chocolates no Pingo-Doce. O “Bate-pé” para eles é marcar o ritmo de uma canção. Confesso, nesse dia senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.
Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções... e depois está meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.


Doenças com nomes tipo “Moleculum infanticus”, que não existiam antigamente. No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de 'terno' nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos... um gajo na altura aprendia a viver com o perigo:
Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração “rasca”... Nós éramos mais a geração “à rasca”, isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos...
Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de aniversário e de Natal, tudo junto.
Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.
Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos megabytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada 10 putos sejam cromos... antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola, porque sangrava do nariz e que não tinha namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido politico, ou director técnico de alguma grande empresa de computadores, mas não curtiu nada...

Putos curtam a vida...

Viva a geração de 70....